O complexo foi comprado pelas promotoras imobiliárias Antrix e a Carvoeiro Branco, que preveem reabilitar os edifícios históricos, reabrir o Museu da Cortiça e criar um boutique hotel com 50 quartos.
A Fábrica do Inglês, em Silves, no Algarve, complexo de animação cultural encerrado em 2010, vai ser reabilitada para reabrir o Museu da Cortiça, que ali existia, e um hotel de charme, anunciaram os compradores.
O complexo foi adquirido pelas promotoras imobiliárias Antrix e a Carvoeiro Branco, que preveem reabilitar os edifícios históricos, reabrir o Museu da Cortiça e criar um ‘boutique’ hotel com 50 quartos, ao abrigo de um investimento de 25 milhões de euros, lê-se num comunicado.
As obras, que deverão iniciar-se em 2026, com um prazo de conclusão estimado de dois a três anos, contemplam a reabilitação e revitalização do complexo do século XIX incluindo o antigo chalet, que será recuperado para continuar a funcionar como casa de chá.
Em declarações à Lusa, Erik de Vlieger, fundador da Carvoeiro Branco, disse que o ponto de partida é a reabertura do museu, distinguido em 2001 como o melhor museu industrial da Europa –, ano em que recebeu mais de 100 mil visitantes –, estimando que possa reabrir antes do verão do próximo ano.
“A oportunidade de, quase heroicamente, devolver vida a um espaço tão emblemático — que acabou por ser deixado ao abandono após um último investimento mal conduzido — representa não só um desafio, mas também um dever de responsabilidade patrimonial”, referiu aquele responsável.
No interior de um dos edifícios históricos reabilitados, está igualmente prevista a instalação dos futuros escritórios da Antrix e da Carvoeiro Branco, que estão sediadas no Algarve, num projeto que prevê a criação de cerca de 80 novos postos de trabalho. Sem querer adiantar o valor da aquisição, aquele responsável sublinhou que o estado devoluto e de deterioração em que a Fábrica do Inglês se encontrava contrastava com o seu imenso valor em património arquitetónico, cultural e histórico.
“O peso da sua história, ligada à memória industrial do Algarve e ao quotidiano de tantas gerações, tornava ainda mais urgente a necessidade de intervir. Hoje, temos diante de nós a possibilidade de restaurar o esplendor deste imóvel e colocá-lo novamente ao serviço da comunidade e da região”, concluiu.
A Fábrica do Inglês foi construída em 1894 como uma unidade de transformação da cortiça. Em 1908, Victor Sadler, cidadão britânico, é contratado para a gestão da unidade fabril, ficando para sempre associado à sua identidade e à origem do nome “Fábrica do Inglês”. Após o encerramento da atividade industrial, o complexo foi reabilitado e, em 1999, abriu ao público como Museu da Cortiça. Nos anos seguintes, acolheu também concertos, exposições e eventos culturais, reforçando o seu papel como centro cultural dinâmico.
A unidade manteve-se ativa durante vários anos após a sua reconversão, mas acabaria por encerrar em 2010, na sequência da insolvência da empresa gestora. O espaço foi classificado como Monumento de Interesse Municipal e foi proposta a sua classificação como Monumento de Interesse Público (MIP), processo que nunca ficou concluído.